Após um rápido passeio de táxi pela rua Oscar Freire, onde lojas caras, mulheres com sacolas e homens de bonés e relógios luminosos são uma coisa só, desço a rua Bela Cintra. Ali, nas imediações, duas prostitutas discutem. Uma delas, morena e de piercing no umbingo, parece resistir. A outra, dona de cabelos escuros, tenta argumentar.
– Não chora, não! Não merece!
– E eu lá vou chorar por causa disso? Nessa vida, eu só choro pelos meus filhos. Só por eles.
Abre o farol. O taxista engata a segunda marcha. As duas são tomadas pela escuridão paulistana e somem.
(Foto: www.bicicletada.org)
Bia, adorei teu blog, adoro histórias sobre o cotidiano e você tem um estilo legal de escrever. Depois do velho Buck, ninguém mais se interessa por escrever sobre a vida das prostitutas e dos bêbados, dos abandonados nas noites das grandes cidades e derrotados pela rotina.
Até mais.
Alexandre.
Jorge, thanks pelos elogios! O que ninguém parece perceber é que a vida está aí, na vida dos bêbados e das prostitutas. beijos!